Blog Rio Preto Noutros Tempos - por Rodrigo Magalhães*
Situado a poucos quilômetros do centro da cidade de Rio Preto/MG, encontra-se um verdadeiro tesouro arqueológico, que possivelmente conta com mais de 300 anos de existência.
Trata-se de uma edificação feita toda com pedras, em ruínas, que é popularmente conhecida por “Casa de Pedra”. Acredita-se que ela tenha sido construída pelos bandeirantes paulistas, ainda no século XVII, conforme sugerem as investigações iniciais.
Devido ao seu grande valor histórico e interesse coletivo, a Casa de Pedra foi inventariada e tombada recentemente pelo município de Rio Preto, por meio do Conselho de Patrimônio Histórico, visando a preservação daquele sítio arqueológico, ou seja, das ruínas e do entorno. E dando sequência ao procedimento, com o objetivo de requerer o seu tombamento pelo Estado de Minas Gerais junto ao IEPHA - Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, atualmente o Conselho de Patrimônio local está celebrando contrato com arqueólogo habilitado para o fim de se realizar o estudo técnico necessário para o referido tombamento.
Descrição histórica e arquitetônica
A Casa de Pedra é provavelmente a edificação mais antiga de
todo o Vale do Rio Preto. Estudos preliminares atestam que essas ruínas têm
características de construção típica do final do século XVII e início do século
XVIII. Portanto, representa os primórdios da região do Vale do Rio Preto e, de
certo, é fato marcante do início da formação da história e identidade cultural
do povo mineiro.
Situada nas proximidades de Santo Antônio das Varejas, na
zona rural do município de Rio Preto, possui uma estrutura monumental, grande e
feita de pedra e alvenaria, seguindo um modelo básico que se manteve ao longo
dos séculos para esses fortins, de planta quadrangular. Os vestígios
remanescentes constituem uma área construída de cerca de 50 m² (9,00 m x 5,55
m); as paredes possuem espessura de 0,80 m; a altura interna varia entre 3,70 e
3,90 m e, na área externa, notam-se paredes com mais de 4,00 m de altura.
Possui duas grandes janelas frontais se parecem com duas baterias de
artilharia, pois apresentam um afunilamento nas laterais (de dentro para fora);
são grandes aberturas verticais, utilizadas na arquitetura militar como vão de
observação, vigia e tiro. Esse detalhe arquitetônico sugere que essas janelas
foram construídas para receber artilharia leve, mas também pequenos canhões,
dispostos para guarnecer o portão de entrada, permitindo aos defensores, assim,
maior visibilidade e dando-lhes mais proteção.
Acredita-se que foi construída originalmente pelos
bandeirantes paulistas para servir de abrigo, uma espécie de fortaleza com a
intenção de auxiliá-los nas expedições e protegê-los contra os constantes
ataques indígenas e de animais. Por isso, tecnicamente, do ponto de vista da
arquitetura militar essas ruínas podem ser consideradas como “Casas Fortes”.
A seguir, como a Casa de Pedra situa-se estrategicamente em um terreno elevado, defronte as antigas trilhas bandeirantes que, com o passar dos anos, transformaram-se em movimentadas rotas de contrabando do ouro - “Passagem do Rio Preto”, por ser o caminho mais curto pelo qual os viajantes, militares e contrabandistas desciam da região mineradora em direção aos portos do Rio de Janeiro, por essa razão a Coroa portuguesa, em 1755, estabeleceu ali uma “Base Militar” a fim de coibir o contrabando.
Consta ainda que, provavelmente, de acordo com um documento datado de 1804, cujo teor confirma que existiu uma Casa da Moeda Falsa muito antiga em Rio Preto (já existia antes de 1780 - sec. XVIII), que foram as atuais ruínas da Casa de Pedra que abrigaram essa fábrica clandestina de fundção de ouro. Com o título - “INFORMAÇÃO DE SERVIÇO QUE FAZ O INTENDENTE DA VILA DE SÃO JOÃO DEL-REY AO GOVERNADOR, sobre a devassa feita no distrito do Rio Preto, em um sítio onde se encontrou moedas falsas muito antigas, sendo estas recolhidas à Tesouraria Geral” – o registro é um lastro documental (fonte fidedigna) que insere o município de Rio Preto definitivamente no contexto histórico do ciclo do ouro no Brasil!
Por fim, há registros no sentido de que na Casa de Pedra,
posteriormente, tenha funcionado um “Presídio”, quando passou a ser chamada de
“Presídio do Alto da Serra da Pedra”, que foi comandado primeiramente por um
Oficial de Milícias, José da Silva Brandão (1804), e depois pelo comandante da
Guarda do Presídio e capitão do “Arraial do Rio Preto”, Miguel Rodrigues da
Costa.
*Rodrigo Magalhães – pesquisador e historiador
riopretano.





Parabéns Rodrigo !
ResponderExcluirObrigado!
ExcluirSigamos em frente!
Boa tarde Rodrigo, depois da nossa última conversa estou esperando resposta p uma visita no Município e falarmos sobre Projeto de Arqueológia.
ResponderExcluirBoa noite meu caro.
ExcluirMuito bom vê-lo por aqui.
As tratativas estão adiantadas.
Vamos nos falando.
Forte abraço!
Parabéns, Rodrigo!!!
ResponderExcluir🤝
ExcluirParabéns Rodrigo!!!
ResponderExcluir🤝
ExcluirNasci e me criei aí e, não acredita! Não conheci esta bela arqueologia. Parabéns e obrigada.
ResponderExcluirPor isso é muito importante compartilharmos informações.
ExcluirA gente só valoriza aquilo que conheçamos. E a Casa de Pedra é um grande exemplo disso. Muitos riopretanos somente passaram a conhecê-la depois que eu publiquei o meu livro Descoberto da Mantiqueira (2017), em que me refiro bastante a esse sítio arqueológico de Rio Preto.
Obrigado e grande abraço!
Boa noite! percorrendo, com Saint-Hilaire, o trecho mineiro da Estrada da Polícia não consegui identificar a localização deste sítio arqueológico. Você pode me passar a localização no GOOGLE. Abraço e muito obrigado. 👆 Bela explanação.
ResponderExcluirBom dia prezado!
ExcluirExcelente pergunta.
Saint-Hilaire esteve três vezes em Rio Preto, e em nenhuma delas passou pela Casa de Pedra. É que o Caminho do Rio Preto (trechos da Estrada da Polícia e da Estrada do Comércio) não passava pela Casa de Pedra, que foi construída estrategicamente na bifurcação das trilhas "clandestinas, das rotas do contrabando do ouro. A estrada oficial que saía do Registro do Rio Preto, onde se cobrava imposto, sobe para o Funil à direita da Casa de Pedra, uns bons quilômetros.
Grande abraço!
Parabéns meu amigo, você como sempre da um show de informações.
ResponderExcluirObrigado. Grande abraço!
ExcluirNasci aí em Rio Preto e não conheço a Casa De Pedra. Sabia de sua existência , mas sua importância não. Espero breve conhecer , faz parte de nossa história. Li também seu livro, fiquei fascinada pelo local.
ResponderExcluirOlá Heloisa. Obrigado. Grande abraço!
ExcluirParabéns Rodrigo!!! Moro no final da estrada da Casa de Pedra e saber sobre a história dela é no mínimo encantador! 🙏🏼❤
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