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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

SÃO CRISTÓVÃO: A ORIGEM DO POVOADO E A CAPELINA CHICO PROCÓPIO

Foto: Facebook - Rio Preto-MG... meu canto!
 

Blog Rio Preto Noutros Tempos - por Rodrigo Magalhães*

A Origem – família Coutinho

O povoado de São Cristóvão tem as suas origens ligadas à extensa Fazenda São Cristóvão, de propriedade do Coronel da Guarda Nacional, Cândido Alves Coutinho. Além desta, ele também era o dono da anexa Fazenda São Lourenço. Nessas duas extensas propriedades rurais ele explorava principalmente a cafeicultura, razão pela qual a numerosa mão de obra de que necessitava para cuidar de seus vastos cafezais acabou fundando uma povoação no lugar, denominada de São Cristóvão.

Ele era filho de Manoel Coutinho Portugal e Anastácia Adriana da Silva Garcia, proprietários da Fazenda da Cachoeira (atualmenteno município de SantaBárbaradoMonteVerde), onde provavelmente nasceu Cândido, no dia seis de fevereiro de 1826. Além de militar e potentado fazendeiro, esse ilustre riopretano era uma liderança política no município, onde possuía uma imponente “casa da cidade”, situada na Rua Direita (atual Dr. Esperidião). Por sua importância social e política, um relevante logradouro da cidade de Rio Preto que faz esquina com a Rua Dr. Esperidião, onde existia esta casa da cidade do Coronel Cândido Coutinho, era conhecido por “Rua de São Cristóvão” (atual Rua Dr. Gerson Salles).

Ele foi eleito como vereador mais votado e se tornou presidente da câmara em 1871/1872, e entrou para a história ao ser tornar o representante escolhido por meio da primeira eleição geral após a criação da cidade, em 1872, sendo "reeleito" presidente da câmara para o exercício 1873/1877. Portanto, o Coronel Cândido Coutinho pode ser considerado o primeiro prefeito da cidade de Rio Preto.

Coronel Cândido Coutinho faleceu no dia treze de fevereiro 1897, na majestosa sede da Fazenda São José, em Rio Preto, e foi sepultado no Cemitério de Nosso Senhor dos Passos. As suas Fazendas São Cristóvão e São Lourenço passaram por herança ao seu único filho, Comendador Manoel Alves Coutinho, que havia sucedido o pai na administração do município, de 1878 a 1888. Ele também era militar e chegou a patente de coronel, como o pai, sendo mais conhecido em Rio Preto por “Neca do Cândido”, ou simplesmente “Neca Cândido”, em referência ao seu pai. Casou-se com Júlia Augusta Furtado Coutinho, com quem teve dois filhos: Francisco Alves Coutinho (conhecido por “Coronel Coutinho”) e Luiza Coutinho Furtado (casou-se com o doutor Leônidas Furtado de Mendonça).

Mesmo tendo recebido formidável herança de seu pai, o Comendador Manoel Coutinho a majorou sobremaneira. Além de adquirir a Fazenda São José, Neca Cândido também era o proprietário das fazendas Volta Redonda, Cachoeira, Córrego das Pedras, entre outras, de uma ponte sobre o rio Preto (da Fazenda São José), de quatro casas na Praça Barão de Santa Clara, além de possuir diversas ações, debêntures e apólices.

Comendador "Neca Cândido"
(Foto: domínio público)

O Povoado

Não se sabe a data exata em que se mandou edificar uma capela na incipiente povoação de São Cristóvão. Mas pesquisando os registros paroquiais da Matriz, vê-se que a mesma já existia na década de 1920, quando o padre José Gomes Rodrigues, um espanhol “muito violento e valentão”, que “queria acabar com as capelas filiais e obrigar o povo a frequentar a Matriz”, mandou “desmanchar um barracão em São Christovão”, que existia ao lado da capela.

Em 1938, por iniciativa do Reverendo padre Cesláu Marciniak, polonês, mais conhecido por “padre Ceslau Martinho”, que foi o organizador do Livro de Tombo da Paróquia de Rio Preto, “foram feitos dois altares novos na Capela de S. Cristóvão e foi reformado o cemitério, onde os muros que caíam foram refeitos”.

            O padroeiro da capela é o Santo Cristóvão, razão pela qual todo ano acontece no povoado concorrida festa, no dia 25 de julho.

Capelinha Chico Procópio

(Foto: Facebook - Rio Preto-MG... meu canto!)
 

Capelinha "Chico Procópio"

Além da beleza natural da região de São Cristóvão, com destaque para os diversos córregos e ribeirões com suas corredeiras e cachoeiras, as elevadas serras e a vegetação nativa, há ainda muitas fazendas históricas preservadas. No entanto, em meio aos casarões o que mais se destaca na região de São Cristóvão é uma singela edificação, isolada no meio de uma pastagem, nas proximidades da estrada vicinal de chão batido, chamada pelos moradores locais de “Capelinha Chico Procópio”.

Sua origem remonta ao ano de 1932, quando houve uma sangrenta batalha entre as províncias de Minas Gerais e São Paulo. O casal Procópio José Ferreira e Maria Arantes Ferreira, proprietários da Fazenda Grama e Desengano, localizada entre os povoados de São Cristóvão e Cruzeiro, ambos à época situados no município de Rio Preto, sentiu-se extremamente preocupado com a filha Benedita, que se encontrava em Pindamonhangaba/SP quando dos conflitos.

Muito católica e devota de Nossa Senhora Aparecida, Maria teria feito uma promessa de construir uma capela na região, caso sua filha retornasse para Rio Preto, “sã e salva”, o que de fato ocorrera meses depois, felizmente. Maria e Procópio então cumpriram a promessa e mandaram edificar uma singela capelinha de pau a pique, com assoalho de madeira, tendo Nossa Senhora Aparecida como padroeira, nas proximidades do povoado de São Cristóvão.

Durante muitos anos um filho desse casal, conhecido por Chico Procópio, cuidou com zelo da igreja construída pelos seus pais, guardiã de uma bonita história de fé, razão pela qual a pequena edificação passou a ser chamada na região de "Capelinha do Chico Procópio".

Atualmente as terras onde se encontra edificada a bucólica capela pertencem ao Bruno Ferreira Marinho, um neto do saudoso Chico Procópio, que mantém com especial zelo esse patrimônio familiar e comunitário, que no próximo ano completará 90 anos de fundação!

FONTES:

Arquivo Morto da Comarca de Rio Preto;

Livro do Tombo da Paróquia de Nosso Senhor dos Passos de Rio Preto;

Entrevista com descendentes do saudoso Chico Procópio.

*Rodrigo Magalhães, pesquisador e historiador riopretano

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