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TEMPOS – por Rodrigo Magalhães
Acentuado
pela áurea mítica criada pelo rótulo que a decretara como ‘Arias Prohibidas’, em 1736, várias estórias regionais remontam a
esse importante período e, até os dias atuais, alimentam o sonho de
enriquecimento por meio do descobrimento de tesouros que possivelmente ainda
estariam escondidos no outrora Sertão Proibido do Rio Preto.
Muita
história sobre a chamada Fase do Ouro remete ao tesouro que foi perdido e
enterrado em terras do município de Rio Preto, curiosidade esta, que mexe com a
imaginação das pessoas que moram na região. Relatos que há mais de cem anos são
passados de geração para geração, no sentido de que pessoas acharam o tesouro
“guardado”, não faltam. Dentre outras, a tradição oral sustenta ao longo dos
anos a existência de alguns potes de ouro enterrados na região de São Pedro do
Taguá, na zona rural do município de Rio Preto, em Três Cruzes (hoje no
município de Santa Bárbara do Monte Verde) e também em Amante Só e Itaboca (no atual
município de Santa Rita de Jacutinga).
Conta-se que, a fim de não perder o ouro extraído
ilegalmente em área proibida ou para não pagar um quinto à Coroa (após a
abertura desse sertão à mineração), muitos mineradores àquela época preferiam
enterrar o tesouro. Fala-se, inclusive, que o dono da fortuna escolhia apenas
um escravo de sua propriedade para executar o serviço, levava-o ao local
escolhido (e escondido) e, quando o buraco já estava bastante profundo,
enterrava-o junto com a fortuna para que o cativo jamais pudesse apontar para
alguém o local onde se encontrava o tesouro escondido.
O misterioso afortunado
de São Pedro do Taguá
Há
um famoso caso de um “pote de ouro” que teria sido achado na atual estrada de
chão batido que liga a cidade de Rio Preto ao povoado de São Pedro do Taguá, às
margens do rio, quando do surgimento nesse território do primeiro veículo
apropriado para proceder ao alargamento e melhoria dos antigos caminhos
vicinais, veredas e trilhas sem calçamento das regiões rurais (até então de
pouco trânsito de veículos e frequentemente usados por pessoas que viajavam a
pé, em carroças ou montadas em animais).
Os
antigos moradores locais contavam que, por volta de 1930, fora contratado para
operar a motoniveladora, veículo mais conhecido como “patrol”, um senhor vindo
do Sul de Minas. Face à ausência de mão de obra qualificada por aqui, esse senhor
de meia-idade veio com a sua família e se estabeleceu nas proximidades do
povoado de São Pedro do Taguá.
Reza
a lenda que, em trecho situado logo depois da Fazenda Pouso Alegre, poucos
quilômetros antes de se chegar a São Pedro, ao realizar a raspagem de um
pequeno barranco localizado do lado de cima da estrada, a fim de retirar a
terra das áreas adjacentes para alargar a referida estrada vicinal até então
carroçável, a parte frontal de ferro do veículo toca em algo duro.
Vendo
que não se tratava de pedra, esse senhor desceu para conferir o objeto, e eis
que se depara com um barril de madeira e, ao conseguir abri-lo, deparou-se com
grande quantidade de ouro em pó. Ato contínuo, dirigiu-se para São Pedro do
Taguá, pegou a sua família, algumas peças de roupa e objetos de uso pessoal e
tomaram rumo incerto e ignorado. Desde então, nunca mais ninguém teve notícias
desse senhor (anônimo e afortunado) nessa região!
*
Rodrigo Magalhães, pesquisador e historiador riopretano!

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