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sábado, 30 de dezembro de 2023

DAS LITEIRAS DO IMPÉRIO AOS PRIMEIROS AUTOMÓVEIS: BREVE HISTÓRICO DOS VEÍCULOS EM RIO PRETO

 


Blog Rio Preto Noutros Tempos, por Rodrigo Magalhães*

 

Naqueles tempos felizes em que os veículos a motor ainda não circulavam como hoje nas ruas da pequena cidade. Havia apenas os tílburis e os carros de bois. Como passageiro destes últimos se ia às festas do Taguá e Santo Antônio das Varejas. Da Fazenda de São Bento, ainda vinha à cidade uma das famosas liteiras do Império...[1] – certa vez recordou o saudoso doutor José Antônio Tavares, que viveu em Parapeúna/Rio Preto na primeira metade do século XX.

            Neste artigo abordamos a história dos meios de transporte no município de Rio Preto, desde o período em que somente existiam por aqui cavalos e carroças, passando pelos vistosos veículos de tração animal da época do Brasil Império utilizados pelos Barões do Café, até chegarmos aos pioneiros automóveis movidos a gasolina de meados dos anos 1920. Acabamos descobrindo que, possivelmente, um dos primeiros automóveis de toda a região circulou muitos anos pelas ruas de Rio Preto e hoje se encontra em um museu!

Veículos de tração animal

            Analisando os processos de inventários dos mais abastados moradores de Rio Preto na época do Império brasileiro, constatamos que a maioria de suas respectivas “casas da cidade” eram dotadas de cocheiras. Esse detalhe pode parecer estranho em um primeiro momento, mas as cocheiras eram absolutamente necessárias no período em que as pessoas de posse andavam a cavalo. Esses animais necessitavam de moradia, pois eram eles que serviam ao transporte de humanos, bem como de carga (neste caso se utilizava mais os muares - bestas, burros e mulas).

            Como meio de transporte coletivo, o mais comum era a utilização dos carros de bois, quando se necessitava conduzir uma quantidade maior de pessoas da zona rural para a cidade, e vice-versa, assim como para as festas dos povoados mais antigos do município de Rio Preto, como é o caso de Santo Antônio das Varejas e São Pedro do Taguá, citados por Tavares.


Carro de boi, por Debret - foto de internet

           Quem tinha uma condição financeira melhor naqueles tempos idos andava de Tílburi, um veículo normalmente descoberto, com duas rodas e dois lugares, puxado somente por um animal. A origem da palavra tílburi vem do nome do inventor desse veículo – Gregor Tílbury.


Tílburi - foto de internet
    

          As famílias mais abastadas, por sua vez, possuíam suntuosas Liteiras, como os Bustamante Fortes, potentados proprietários da Fazenda Santa Clara, e os Brandão da Fazenda São Bento. A Liteira era uma espécie de cadeira portátil, aberta ou fechada, suportada por duas varas laterais. Era transportada por dois liteireiros (normalmente escravos) ou dois animais, um à frente e outro atrás. As liteiras eram muito utilizadas como meio de transporte de personalidades abastadas desde a Roma Antiga.


Liteira - foto de internet


               O padre Francisco Bernardino de Souza, um famoso clérigo do Rio de Janeiro que compareceu à inauguração da imponente Matriz de Nosso Senhor dos Passos, em 1860, narra em detalhes a entrada pomposa de D. Maria Theresa de Souza Fortes (futura Viscondessa do Monte Verde) na cidade de Rio Preto, em sua “riquíssima liteira”, para a celebração da missa inaugural do novo templo que financiara.   

Outro registro de liteira famosa da época do Brasil Império no município de Rio Preto, é justamente de um veículos destes que os descendentes do fazendeiro, político e benfeitor Thomé dos Santos Brandão utilizava para se dirigirem da Fazenda São Bento à cidade, até as primeiras décadas do século XX.



Os primeiros automóveis

De acordo com as recordações dos irmãos Tavares[2], até o ano de 1927 não havia um só automóvel ou caminhão nos dois lados do rio Preto. Estradas, só as carroçáveis. Cavalos, tropas, boiadas, carroças e carros de bois que se dirigiam do “Estado de Minas” (Rio Preto/MG) a caminho da ponte de ferro, com piso de madeira, percorriam uma pista de chão batido ao adentrarem o “Estado do Rio” (Parapeúna, distrito de Valença/RJ) na direção da Estação do Trem, passando por duas porteiras de madeiras que se abriam. Esta única pista ficava bem no centro de um largo, em que de um lado existia a “Casa Mazêo” (mesmo prédio onde atualmente funciona a Casa Simões e Cantina da Vovó) e, do outro, a “Casa Barbosa” (em um prédio que existiu onde atualmente há o imóvel da Cooperativa Agropecuária). Ambas as casas eram grandes "Armazéns de Secos e Molhados", e continham nas respectivas frentes uma estreita passarela de pedra para os pedestres.   

Mas antes de falarmos sobre os primeiros automóveis de Rio Preto/Parapeúna, precisamos citar que, em 1885, o primeiro veículo movido à gasolina foi criado; desenvolvido por um alemão chamado Karl Benz, e batizado de Motorwagen.

No Brasil, a história do pioneiro automóvel começa mesmo com a curiosidade de Alberto Santos Dumont, que mais tarde seria conhecido como o pai da aviação. Com o surgimento dos primeiros automóveis na França, por volta de 1891, ele decidiu estudar essa novidade e trazê-la para o Brasil. Então, passou a circular pelas ruas até então esburacadas do país o primeiro veículo movido a gasolina. Era um modelo Peugeot Type 3 Vis-a-Vis, de 1891, conhecido na França como Peugeot Voiturette. O modelo permitia ao carro alcançar 18 km/h. E vale lembrar que a produção da Peugeot havia começado em 1890, apenas com protótipos, e os primeiros carros foram fabricados a partir de 1891.


Peugeot sendo dirigido por Henrique Santos Dumont, em São Paulo (1893) - Foto de internet 


Mas, ao contrário do que diria a lógica, este não foi o primeiro carro emplacado em nosso país. Quem recebeu esta honraria foi o automóvel do conde Francisco Matarazzo, em 1903, quando já se havia notícias de outros carros rodando no Brasil.

Em 1901, o industrial José Henrique Lanat importou o primeiro carro a rodar na Bahia; Francisco Fido Fontana trouxe o primeiro automóvel para Curitiba, em 1903; no mesmo ano, Frederico Guilherme Busch fazia furor com seu Benz pelas ruas de Blumenau; no Rio Grande do Sul, o dono do Cine Apolo de Porto Alegre, Januário Greco, resolveu trazer da França um carro DeDion-Bouton, pelo qual pagou quase cinco contos de réis, em 1906; neste mesmo ano, no início do governo de Afonso Pena, foram comprados, de fábrica na Alemanha, quatro automóveis da marca Protos, modelo 17/35 PS Landaulet, que era utilizado pelo Barão do Rio Branco; um Sedan Rambler, de Julio Pinto, circulava em Fortaleza, em 1909.


Protos 17/35 PS Landaulet - Museu Histórico Nacional
Foto: Rodrigo Magalhães


O boom no interesse do público fez com que o país recebesse as linhas de montagem do Ford Modelo T, o primeiro deles em 1919, sendo que a pioneira indústria automotiva a vir para terras brasileiras foi a Ford Motors Company. Localizada em um pequeno armazém, apresentava uma linha de montagem especial para o famoso modelo T, que recebeu carinhosamente o apelido de Ford Bigode. 

                                                                   ***

Em relação ao primeiro automóvel de Rio Preto, novamente nos valemos das preciosas crônicas de José Antônio Tavares, testemunha ocular do verdadeiro acontecimento social que foi assistir ao desembarque do pioneiro carro em solo riopretano:

Numa tarde, como em tantas outras, ainda em idade pré-escolar, eu apenas perambulava pelos arredores de nossa rósea casa ferroviária. Súbito, aquele estrondo invulgar e pipocante. Habituado ao deslizar silencioso das pequenas carruagens, não me dei conta, de imediato, de que aquela era uma carruagem diferente. Incrível! Não tinha cavalos! Surgia assim no sétimo distrito o primeiro automóvel a circular na região. Chegara de trem, em prancha específica, importado pelo Vasco Monteiro. Aquele que seria, em 1927, o responsável pela abertura da primeira ‘estrada de automóveis’, ligando Rio Preto à Valença”.


Caminhão Ford 1929, na Faz. Boa Vista, de propriedade de Vasco Maia Monteiro, com os sobrinhos Marco Antônio, Selma, Nelson e Walma, década de 1930 (Acervo Familiar- Helena Oliveira de Paula)


Ratifica a informação de que este veículo teria sido o pioneiro de toda a região o depoimento do fazendeiro e morador de Santa Isabel do Rio Preto, Paulo Fernando Andrade Corrêa da Silva (Poleca), engenheiro automotivo e exímio conhecedor do tema. Ele é colecionador de carros antigos e, entre outros veículos, possui um Ford 1928, modelo A Phaeton, “idêntico ao que Henry Ford doou para Thómas Édson, em 1927” - disse. 


Ford 1928, de propriedade de Poleca

Seu pai, o brigadeiro Cláudio Nery Corrêa da Silva, possuía um modelo deste, ano 1929, e dirigiu por muitas oportunidades um caminhão Ford V8, ano 1936, que pertencia a Cardoso, Magalhães e Cia., que reunia algumas fazendas da região, como a Fazenda São Paulo (Cardoso), onde eles residiam.


Ford 1936, na Faz. São Paulo (Arquivo Pessoal de Poleca)


Ford A 1929, em Coronel Cardoso (Arquivo Pessoal de Poleca)

Segundo Poleca, como é mais conhecido, “o carro mais antigo da nossa região, com certeza, foi um Benz de 1914, que em 1964 eu vi na Fazenda Boa Vista, em Parapeúna, de propriedade do Sr. Vasco Monteiro. Ele estava de baixo do paiol, junto com um Ford 1929 e um caminhão 1929” – recorda. De acordo com Poleca, este pioneiro automóvel era um Benz, ano 1914, modelo 20 HP.


Modelo idêntico àquele que teria sido o primeiro automóvel de Rio Preto
Benz, ano 1914, modelo 20 HP
Foto de internet

 “Parece que só tinha dois no Brasil; um parece que era de um Bispo do Rio de Janeiro e esse outro, do senhor Vasco Monteiro. Meu pai tentou comprar por intermédio do meu tio Clóvis Correa da Silva, que na época era o prefeito de Valença, mas o senhor Vasco Monteiro não quis vender. Depois fiquei sabendo que esse carro foi para o Rio de Janeiro, e me parece que está em algum Museu do Rio de Janeiro, ou na Alemanha” – sugere.


Ford 1929 que teria pertencido ao Sr. Vasco Monteiro
Fotografado recentemente por Ivanilson Souza, na Rua Larga, em Rio Preto

Em um surpreendente vídeo da visita do Presidente da República, Washington Luís, à Fazenda Santa Clara, em 1927, Poleca conseguiu identificar que o Coronel João Honório já possuía naquela época um caminhão Ford modelo T, além dos três automóveis Chevrolet 1925, que conduziu a comitiva presidencial da Estação João Honório até a sede da sua fazenda.


Três modelos Chevrolet 1925 e um caminhão Ford T, na Estação João Honório
Foto extraída do vídeo da visita presidencial à Faz. Santa Clara, em 1927

Consta que, a seguir, outros moradores de Rio Preto e Parapeúna também adquiriram automóveis, principalmente o modelo Ford A 1929, como por exemplo o comerciante português Miguel Pinto Barbosa, o fazendeiro Gustavo Monteiro e o advogado Alberto Furtado Portugal. Mas, aos poucos, outros modelos também passaram a circular pelas ruas da cidade, como o Chevrolet, Selo de Ouro, ano 1929 (que apresentava capô mais alto, roda de pau e farol quadrado), que pertenceu ao fazendeiro Francisco Pereira Machado, mais conhecido por “Chicico Machado”.


Chevrolet 1929, dirigido pelo Sr. Chichico Machado
Arquivo Familiar de Gustavo Amaral


Nesse sentido, escreve José Antônio Tavares, de maneira romanceada e melancólica, narrando a profunda mudança (na paisagem e nos costumes) ocorrida nas pacatas povoações de Rio Preto e Parapeúna, após a chegada dos primeiros automóveis que ele viu desembarcar do trem por essas paragens:

Com o decorrer do tempo outros carros foram chegando: chevrolés, baratinhas e fords-bigode. E também os primeiros caminhões. Sempre desembarcando das pranchas dos trens mistos, composições ferroviárias com vagões de carga e de passageiros. As carroças e os carros de bois desapareciam da circulação. A tropa deixava de descer as serras. As velhas cocheiras cediam lugar às primeiras garagens. O Jorge Peão, ferrador de cavalos ia, aos poucos, ficando desempregado”.


* Rodrigo Magalhães, pesquisador, historiador e escritor riopretano.

 


[1] Artigo intitulado “Ano 50 - Rio Preto, Minas”. Jornal O Município, 18 de Julho de 1964 - Nº 235, de autoria de José Antônio Tavares.

[2] Livro “Crônicas Riopretanas”, de José Antônio Tavares e Miguel Tavares.

sábado, 13 de maio de 2023

SPORT CLUB RIO PRETO E CAMPO DO DIVINO: FUTEBOL, HISTÓRIA E MAIS DE 100 ANOS DE TRADIÇÃO!

 

Blog Rio Preto Noutros Tempos, por Rodrigo Magalhães*



 

O Sport Club Rio Preto é mais uma entidade centenária local. A história do futebol no município de Rio Preto está diretamente relacionada em sua origem a esta agremiação, fundada aos 13 de maio de 1917, que desde a partida inaugural tem o Campo do Divino como seu estádio e também sede. Certamente é uma das sociedades futebolísticas ainda em funcionamento mais antigas de toda a região.

Neste artigo iremos aprofundar um pouco sobre a história do Sport, apontando personagens emblemáticos e fatos curiosos ocorridos ao longo de mais de um século de existência, como por exemplo, os jogos realizados contra a equipe profissional do Clube de Regatas Flamengo, em meados do século XX, bem como a trajetória da equipe que se sagrou campeã invicta do primeiro campeonato da Liga Valenciana de Futebol!

PAZ E ESPERANÇA F. C. – o início

Na noite do dia treze de maio de 1917 era fundado o “Paz e Esperança Foot Ball Club”, por um grupo de jovens que se encontrava na Praça Barão de Santa Clara, bem no coração da cidade de Rio Preto. Entre outros, fontes diversas apontam a presença de Washington Valfrido do Nascimento (Torres), Manoel Cunha, Dolor Gentil Ramalho Pinto, Joaquim Santos, Artur Malhado Carneiro, Felipe Flutt, Felipe Habib, Elpídio Alves dos Santos (Pio), Antônio Alves Tibúrcio, Joaquim Simões de Araújo e Horácio Machado Salles.


Primeiro jogo do Paz e Esperança Foot Ball Club.
Campo do Divino, 22 de julho de 1917
(Acervo do Museu Regional de Rio Preto)

Segundo os fundadores desta que foi a primeira agremiação futebolística de Rio Preto, a justificativa do nome por eles escolhido baseava-se na ocorrência naqueles tempos da primeira grande Guerra Mundial. Portanto, a denominação era um protesto contra a guerra, um pedido de paz. A primeira diretoria foi formada por Manoel Cunha, Joaquim Simões, Antônio Alves Tibúrcio e João Soares.

Uma vez fundado o clube, era vez de procurar por atletas na cidade para jogarem pelo time local recém-criado. Os primeiros treinos aconteceram num terreno descampado, pertencente ao patrimônio da Igreja do Divino Espírito do Santo, no bairro do Divino, razão pela qual o lugar foi apelidado de “Campinho do Divino”.

Somente depois de pouco mais de dois meses de treinamentos, os diretores enfim conseguiram na cidade de Valença/RJ uma agremiação adversária para enfrentar o Paz e Esperança, sendo que no município de Rio Preto não existia outra equipe.

A primeira apresentação do “Paz e Esperança Foot Ball Club” (esse é o nome com a grafia original) foi contra o Cruzeiro, time do limítrofe vizinho fluminense, no dia 22 de julho daquele ano, data inaugural do “Campo do Divino”, denominação pela qual passou a ser chamado o terreno cedido pela igreja católica para os treinamentos, que até então era utilizado tão somente como pasto para o cavalo do padre José Inácio de Souza Bittencourt.

O jogo de estreia terminou em 1 x 1. De acordo com as informações que constam de uma foto que me foi gentilmente cedida pelos herdeiros do saudoso doutor Dolor, o uniforme do Paz e Esperança era branco, com listras pretas na vertical (ou seja, alvinegro), e os primeiros atletas que participaram desse jogo histórico de inauguração do Sport Club Rio Preto e do Campo do Divino foram: Bruno Mazzêo, Manuel Guilinho, doutor Dolor, Alcides Marques, Nelson Caetano, Dinho Vieira, José Geraldo, Elpídio Alves (Pio), Nana (irmão do Pio) e mais dois atletas não identificados.


Acervo dos herdeiros do doutor Dolor Gentil.


Interessante notar que este registro fotográfico histórico foi um presente de Walter Bruno para o doutor Dolor Gentil (fundador do time, que está na foto), que teria sido conseguido pelo primeiro junto a uma irmã do doutor João Lamanna (outro jogador que está presente na fotografia, que era o dono da foto). E todas essas preciosas informações supramencionadas (em relação à data do primeiro jogo, ao placar e à escalação do time inaugural) foram escritas de próprio punho por Walter Bruno, que na década de 1930 foi o goleiro do Sport por muitos anos, e certamente as coligiu de personagens que vivenciaram os fatos por ele narrados. Por esse motivo, entendemos que estas devem prevalecer sobre as informações divergentes contidas em outras fontes, uma vez que aparece grafado no campo superior, como título para a foto: "Jogo da Inauguração do Esporte Club Rio Preto em 1917 (Campo do Divino). Fundação".


Foto do jogo inaugural do Sport, no Campo do Divino, segundo outras fontes
(Acervo do Museu Regional de Rio Preto) 


Campo do Divino – o estádio

A origem da Igreja do Divino Espírito do Santo da cidade de Rio Preto está relacionada às terras doadas ao patrimônio pelo comendador Francisco Thereziano Fortes Bustamante, o potentado proprietário da Fazenda Santa Clara, um pouco antes de seu falecimento, em 1854. Essa porção territorial media cerca de um alqueire e confrontava pela frente com a estrada pública que conduzia á Fazenda de Santa Clara; pelos fundos com o rio Preto; por um dos lados com terras do Sr. João Mesquita Júnior, e pelo outro lado com herdeiros da finada Maria Alves Duque.


Campo do Divino, 1971
(Acervo do Museu Regional de Rio Preto)

As obras de construção da capela foram iniciadas na década de 1860, mas em 1870 ainda não estava totalmente acabada. E este amplo terreno situado entre a lateral da igreja e as margens do rio Preto, inicialmente servia de pastagem para os animais dos párocos locais. Consta também que servia de palco para uma prática muito comum no inicio do século XX: a caça. Muita gente se reunia após as missas na Igreja do Divino para assistir ao desfile dos cavaleiros, com seus pomposos cães de caça, de raça.

Não obstante o terreno onde fora formado o Campo do Divino e construída a sede social do clube (com arquibancada, vestiários, banheiro etc.) permanecer na posse do Sport Club Rio Preto desde maio de 1917, somente por ocasião das festividades de 50 anos da agremiação, em 1987, os dirigentes do clube receberam a escritura definitiva de seu patrimônio, por doação da Mitra Diocesana de Juiz de Fora, conquista que contou com a participação fundamental do ex-atleta do time e incansável colaborador Roberto Duarte da Silva.

  

Primeiro campeão de Valença/RJ

Depois da primeira apresentação, mesmo tendo empatado, os convites para exibições não paravam de chegar. Estudos eram feitos, e os melhores eram acolhidos. Em 07/09/1918, por exemplo, o time do Paz e Esperança viajou para jogar em Santa Rita de Jacutinga, vencendo a equipe local. O time que jogou foi escalado desta forma: João Lamanna, Bembeque, Curtis, Felipe, Pio, Acir, Dermeval, Juca, Ernani, Manoel e Martinho Cabral.


Foto provável da viagem a Santa Rita de Jacutinga, em 1918
(Acervo do Museu Regional de Rio Preto)


Observou-se que quando jogava fora, o Paz e Esperança era mais chamado por “Rio Preto”. Desta forma, em dezembro de 1918, decidiu-se mudar o nome para “Sport Club Rio Preto”, que permanece até os dias atuais. Até porque em agosto daquele mesmo ano a Primeira Guerra Mundial havia terminado. E assim, as cores branca e preta da camisa alvinegra outrora utilizada pelo Paz e Esperança deu lugar ao verde e branco do novo uniforme, surgindo o escudo do Sport Club Rio Preto, conforme se vê da camisa usada pelo atleta Pio, um dos líderes do time e possível autor do desenho do escudo.

            O primeiro grande momento aconteceu trinta anos após a sua fundação: o Sport Club Rio Preto foi o campeão do I Campeonato Valenciano, de 1938, organizado pela Liga Valenciana de Desportos (LVD), do município de Valença, localizado na região Sul Fluminense estado do Rio de Janeiro. A LVD, que tinha sido fundada no dia oito de julho de 1938, realizou o I Torneio Início, 23 dias depois (31 de Julho de 1938), tendo o Esporte Clube Barroso como o campeão, e o Ferroviário como vice.

O I Campeonato Valenciano teve a duração de seis meses e contou com a participação de sete clubes: Sport Club Benfica; Esporte Clube Barroso; Sport Club Rio Preto; Ferroviário de Marques de Valença; Valenciano Atlético Clube; Monte D’Ouro Futebol Clube e Avenidense Futebol Clube.

Apesar de o Sport Club Rio Preto ficar em um município mineiro, a equipe alviverde participou da competição realizada em Valença como convidada, e superou os times favoritos que eram o Valenciano e o Ferroviário (atual Coroados), sagrando-se a grande campeã, de forma invicta. A final foi 2 x 1 para o Sport contra a forte equipe do Valenciano, que jogava em casa. Eis a Classificação Final: 1º SC Rio Preto 18; 2º Valenciano 17; 3º Ferroviário 15; 4º Barroso 12; 5º Monte D’Ouro 10; 6º Benfica 08; 7º Avenidense 03. Os destaques do excelente time do Sport foram o goleiro Walter Bruno, o zagueiro Zinho Rosa e o atacante Zé Pequeno, o grande craque da equipe.


Equipe do Sport campeã do I Campeonato Valenciano, em 1938
(Acervo do Museu Regional de Rio Preto)


Dias seguintes, o Jornal “Sport Ilustrado”, em sua edição de nº 54, noticia esse grande feito: “Players Campeões de Rio Preto: Walter Bruno, Zinho Rosa, Hélio Martins, João Lopes, Totônio Soldado, Claudinho Corrêa, Geraldo de Souza Lima, Zé Pequeno, Jacó e Soicinho Rosa; reservas: Geraldo Cardoso, Zoca Ferreira, Zé Macaco e Jose Marcelino”.

E no inicio do ano seguinte, o Sport novamente foi o campeão valenciano. Desta feita venceu na final o Ginásio São José, que jogava em seu campo, por um a zero. Mais uma vez sem perder uma única partida. Alguns dias depois, o jornal “Progresso”, de Rio Preto, noticiava na capa: “O Sport Club Rio Preto traz a taça”.


Acervo do Sport Club Rio Preto.


Consta que quando o Sport ia jogar em Valença, a torcida riopretana comparecia em massa, tanto que o trem (naquele tempo o meio de transporte mais utilizado) chegava com até cinco vagões extras na vizinha cidade fluminense. Especialmente em jogos contra o Clube dos Coroados, considerado o maior rival do Sport de todos os tempos.    

Flamengo em Rio Preto

Mas o acontecimento mais marcante ocorrido no Campo do Divino ao longo de toda a sua história foi, sem dúvida, sediar dois jogos do time principal do Flamengo contra o Sport Club Rio Preto. A primeira visita da equipe carioca teria ocorrido no final da década de 1950, e a segunda em 1962.

Sabe-se que esses jogos foram possíveis graças à influência do ilustre cidadão Fadel Fadel, que descendia de Manne Fadel, imigrante libanesa radicada em Rio Preto no inicio do século XX, e matriarca da família. Ele foi o 53° presidente do Clube de Regatas do Flamengo (1962-1965). Mas Fadel Fadel já fazia parte dos quadros políticos do clube há alguns anos, sendo considerado o braço direito do presidente Gilberto Cardoso. Por essa razão, logrou êxito em levar a equipe titular do Flamengo a Rio Preto na década de 50, e depois, já como presidente do clube, no final de 1962.


Flamengo x Sport. Campo do Divino, 1962
(Acervo do Museu Regional de Rio Preto).


Sport Juvenil

Com o passar dos anos, o Sport Club Rio Preto passou a ser formado pelos atletas selecionados no campeonato municipal de Rio Preto, escolhido dentre todas as equipes participantes. Com a seleção do campeonato, o Sport disputou os últimos campeonatos valencianos, sendo a última participação há mais de dez anos.  

            Por determinado período o Sport chegou a investir nas categorias de base, proporcionando treinamentos aos atletas menores de idade. Algumas equipes do apelidado “Sportinho” destacaram-se em competições regionais, como a equipe formada durante a década de 80 (que tinha como mascote o autor deste texto, que posteriormente jogou pelo Sport, defendendo o alviverde riopretano em campeonato valenciano, inclusive).

Eis a escalação desta equipe do Sportinho que marcou época. Em pé: Edinho, Floriano. Átila, Beto, Chico, João Bolinha, Calezinho Bosquinho e Chico técnico. Agachados: Jairzinho, Chiquinho, Elias, Neno, Helder Alexei, Delon, Helinho, Titão e o mascote, Rodrigo Magalhães.


"Sportinho", década de 1980
(Acervo do Sport Club Rio Preto)

Esporte e Lazer – função social

Ao longo de todo esse lapso de tempo, de mais de cem anos de existência, o Sport Club Rio Preto promoveu diversos eventos sociais na cidade, tendo como palco o centenário Campo do Divino e as demais dependências da entidade.


Missa Campal e desfile no Campo do Divino, 1971
(Acervo do Museu Regional de Rio Preto)


Como time de futebol, desde a segunda década do século passado é uma das principais opções de lazer para a família riopretana, que sempre compareceu nas partidas dominicais no Campo do Divino, bem como nas cidades vizinhas onde equipe do Sport se apresentava.

E durante todos esses anos, além de promover a prática esportiva e propiciar a formação de jovens cidadãos, grandes talentos foram revelados pelo Sport, que chegaram a jogar profissionalmente, como os casos mais recentes de Xandy Fraga ("Xandele") e Célio Leocádio, dentre tantos outros que, inclusive, destacaram-se no cenário futebolístico nacional e até mesmo internacional, como Pedro Magalhães (“Pedro Bala”), que jogou pelo Flamengo/RJ; Wanderley Bernardino, que jogou pelo Botafogo/RJ; Alexandre Pereira (‘Bicudo”), que jogou pelo América/MG; e Vanderlei Silva (‘Delei”), que chegou a disputar campeonato Paulista, campeonato Gaúcho, copa do Nordeste e nos últimos anos jogou até mesmo no exterior, aposentando-se como jogador de futebol profissional recentemente, por um clube da China.

Mas o Sport Club também fomentou cultura e lazer em Rio Preto, como os famosos concursos de beleza que promovera na década de 50. Em 1957, por exemplo, foram eleitas: rainha Maria de Lourdes Cleto de Oliveira, e princesas Dilma Raimundo Magalhães.

E o Campo do Divino, durante essa longa trajetória existencial, foi palco de grandes festividades riopretanas, como missa campal, desfiles e apresentações musicais. Sem contar que desde 1970 o Sport cede o espaço do campo para a realização da Exposição Agropecuário de Rio Preto, onde se instala parque de diversões e realizavam os desfiles dos animais, entre outros eventos.


Terreno onde passaria a funcionar o Campo do Divino.
Treino de caça com cachorro, prática comum no início do séc. XX
(Acervo do Museu Regional de Rio Preto)


Tempos atuais e o futuro

Há mais de dez anos o Sport Club Rio Preto não possui equipe de futebol em permanente atividade. Não disputa competições, e apenas eventualmente realiza jogos amistosos com os atletas selecionados dentre as equipes que disputam o campeonato riopretano de futebol, que nos últimos anos vem sendo organizado pela diretoria do Sport, com apoio da Prefeitura local (Secretaria de Esportes).


Portão principal de acesso ao Campo do Divino
(Foto da página do Sport no Facebook)

Sendo assim, nos últimos tempos o Sport Club Rio Preto “sofre” com a falta de recursos financeiros. Depende da dedicação de alguns colaboradores, que muito se esforçaram para manter em bom estado de uso e funcionamento, tanto o Campo do Divino como as dependências sociais. Entre muitos beneméritos voluntários dos últimos tempos, destacam-se os saudosos Carlos Henrique Delgado Pires (“Zoinho”) e Heitor Portugal; Roberto Cyrne, José Benedito Pinto Maia, Antônio Márcio Vieira, Leo Reis, Sérgio Mendonça (“Mazarope”) e Paulo Vítor da Silva Dias, o popular “Popó”, que há seis anos preside a entidade.


Campo do Divino, arquibancada e a Igreja do Divino aos fundos
(Foto da página do Sport no Facebook)


Segundo Popó, entre os planos para o futuro do Sport Club Rio Preto está a composição de um novo quadro de sócios e o aumento da arquibancada coberta. Para isso, desde já solicita apoio de pessoas da comunidade para que se associem como sócios da entidade, bem como de empresários que desejarem colaborar por meio de patrocínios e doações para a manutenção deste clube que, sem sombra de dúvidas, é um destacado patrimônio cultural do município de Rio Preto!


Escudo atual (modernizado) do Sport Clube Rio Preto

  

*Rodrigo Magalhães, pesquisador, historiador e escritor riopretano!

quarta-feira, 8 de março de 2023

BARONESA DE SÃO JOSÉ: UMA MULHER DE HÁBITOS SIMPLES E PROFUNDAMENTE CARIDOSA!

 Blog Rio Preto Noutros Tempos, por Rodrigo Magalhães*

 

 
Baronesa de São José -
Acervo da Santa Casa de Misericórdia de Rio Preto/MG.

De origem humilde, Maria Roza se casou com o potentado Barão de São José, em 1827. Tornou-se, assim, dona de uma das maiores fortunas de Rio Preto/MG. Mas ao contrário das demais nobres daquele período, destacou-se como benemérita e caridosa ao investir a maior parte deste dinheiro em filantropia e assistencialismo. 

Hoje lembraremos a extraordinária trajetória de vida desta mulher que dedicou grande parte da sua vida a auxiliar os pobres, os doentes, os deficientes e os marginalizados de Rio Preto durante o século XIX, mas cuja história é pouco conhecida até mesmo pelos moradores cidade, onde não existe qualquer logradouro, praça ou mesmo entidade filantrópica que a homenageie com o seu nome. Triste desmemória!  

   ***

Maria Roza do Espírito do Santo nasceu no final do século XVIII, em Santa Rita Durão, um antigo distrito pertencente à Mariana/MG, situado próximo da Serra do Caraça, que naquela época se chamava Infeccionado. Ela foi batizada no dia 25 de março de 1799 na suntuosa Matriz de Nossa Senhora de Nazareth do Infeccionado¹, que recebeu a benção inaugural em 28 de maio de 1729 e existe até hoje, sendo um dos principais cartões portais daquela região.


Matriz de Nossa Senhora de Nazareth do Infeccionado -
Portal IPHAN

Maria Roza era filha de Clemência Maria dos Santos, uma humilde lavadeira local. Conta-se que era uma jovem extremamente religiosa e bondosa. Foram esses atributos que possivelmente chamaram a atenção do jovem José Gomes de Oliveira Lima, o futuro Barão de São José. Ele também era natural do Infeccionado, onde nasceu em 1793. Ainda jovem, Maria Roza foi “exposta em casa de Dona Clemência Maria dos Santos”², ou seja, foi Clemência Maria quem concedeu autorização para que ela se casasse com o futuro Barão. O matrimônio aconteceu no dia quatro de outubro de 1827, na Capela de Santa Anna do Piracicaba, na Freguesia de Nossa Senhora de Nazareth do Infeccionado, no município de Mariana. 

O casal se mudou logo a seguir para Rio Preto, na época um próspero distrito de Barbacena, onde foi encontrado ouro em grande quantidade no final do século XIX, local onde já haviam se estabelecido os pais e alguns tios de José. Seguindo a vocação de seus ascendentes, José rapidamente se enriqueceu com os trabalhos de mineração no leito do rio Preto e de seus afluentes, adquirindo extensas propriedades rurais na região. Além de fazendeiro, tornou-se Tenente-Coronel da Guarda Nacional e comerciante. 


Barão de São José -
Acervo da Santa Casa de Misericórdia de Rio Preto/MG.



A seguir, edificou um suntuoso sobrado na Rua Direita da então Vila, onde no térreo funcionava um movimentado armazém de Secos e Molhados, bem como hospedaria para os viajantes, rancho para as tropas e cocheira para os animais, bem nas proximidades do Registro do Rio Preto. Era por ali que passava as Estradas Reais do Commercio e da Polícia, duas importantes vias de abastecimento que ligava a região de São João Del-Rei à Corte no Rio de Janeiro. Mas a principal moradia do casal era na majestosa casa sede da Fazenda São José, que existe até os dias atuais e é considerada uma das mais belas edificações de época do município de Rio Preto.


Fazenda São José, no livro Descoberto da Mantiqueira - 
Foto de Igor Alecsander.


O casal José e Maria Roza não teve filhos, e após a morte do cônjuge varão, já Barão, em 1872, ela se tornou a proprietária da maior fortuna do município de Rio Preto. Mas ao contrário das demais nobres daquele período, que desfilavam pelas ruas da cidade em suas pomposas liteiras e ladeadas por mucamas, a Baronesa de São José se destacou como benemérita e caridosa ao investir a maior parte deste dinheiro em filantropia e assistencialismo.


Inventário da Baronesa de São José - 
Arquivo Morto da Comarca de Rio Preto/MG.


Sua vida foi marcada por ações de caridade em prol dos mais necessitados. Em seu testamento, Maria Roza legou a vultosa quantia de 20 contos de réis, uma verdadeira fortuna, para que se construísse na cidade de Rio Preto uma “casa de caridade, tendo começo dentro do prazo de dois anos da sua morte”. Esse tipo de casa assistencial passou a criada no Brasil ao longo do século 19 e se chamava Santa Casa. Visava acolher e alimentar os presos, os pobres, curar os doentes, asilar os órfãos, sustentar viúvas, enfim, era fundada para ser a casa á serviço dos mais carentes, sem assistência e abandonados. Todo esse dinheiro deixado por ela foi destinado para a fundação da Irmandade de Santa Isabel da Santa Casa de Misericórdia de Rio Preto, em 1886, realizando-se assim o desejo testamentário da Baronesa de São José, a maior benemérita do nosso Hospital (onde existe um quadro seu na galeria de beneméritos).   

Além de deixar 200 mil réis para cada um dos seus afilhados de batismo (que eram muitos, e na maioria crianças pobres), em seu testamento ela ainda contemplou todos os enfermos, os deficientes, os escravos libertos, os órfãos e os pobres da cidade, doando muitos alqueires de terras acima do atual bairro Cavaco, para todos aqueles que comprovassem uma dessa condição. Deixou também 200 mil réis para cada uma das Irmandades Religiosas de Rio Preto: dos Passos, das Dores e do Rosário.


Igreja do Rosário, no livro Descoberto da Mantiqueira - 
Foto de Igor Alecsander.


Ela faleceu na Fazenda São José, em 1875, e foi sepultada dentro da Igreja do Rosário, uma edificação simples e sem majestade (se comparada à suntuosa Matriz de Nosso Senhor dos Passos), ao lado do jazigo de seu finado marido, no templo que eles restauraram e ampliaram com recursos próprios, atribuindo-lhe a aparência atual, por volta de 1860³.


*Rodrigo Magalhães, pesquisador e historiador riopretano!


1) Descendentes de José Gomes de Oliveira Lima e Maria Victoria do Nascimento (www.arvore.net.br).

2) CALDAS, Maria José da Costa. O clã dos Costa. Volta Redonda: Gazetilha, 1987.

3) Almanak Laemert. Rio de Janeiro, 1860.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

COLÔNIA MINEIRA DE PINDAMONHANGABA: HISTÓRIA E SUBSÍDIOS À GENEALOGIA!

 Blog Rio Preto Noutros Tempos, por Rodrigo Magalhães*


Pindamonhangaba/SP, década 1920 (Foto de Internet)


Há quase cem anos um jovem riopretano deixou a sua terra natal e rumou sentido à Pindamonhangaba, município situado no Vale do Paraíba do estado de São Paulo. Com muito trabalho, tornou-se um abastado fazendeiro, político e benemérito da localidade, para onde no decorrer dos anos migraram dezenas de riopretanos, fundando-se, assim, a “Colônia Mineira de Pindamonhangaba”, denominada desta maneira, oficialmente, por lei municipal desde 2003.

O jovem riopretano que atraiu muitos conterrâneos e possibilitou-lhes melhores condições de vida em ‘Pinda’ se chamava Manoel Canuto Vieira - o Mané Canuto. Mas ele não foi o primeiro riopretano que se transferiu para aquelas paragens paulistas. Antes dele, membros das famílias Machado e Pereira já haviam se estabelecido por lá, onde ainda hoje residem, além destas, integrantes de outras tradicionais famílias dos municípios de Rio Preto/MG, Santa Rita de Jacutinga/MG, Santa Bárbara do Monte Verde/MG e Valença/RJ, tais como: Maia, Andrada, Almeida, Lopes, Alonso, Cunha, Paço, Lima, Cota, Oliveira, Silva, Damasceno, dentre outras.  

Nesse artigo conheceremos a interessante história desses valeriopretanos que no início do século XX foram tentar (re)fazer a vida no Vale do Paraíba paulista, bem como da Colônia Mineira de Pindamonhangaba, das famílias que a integram e de seus respectivos patriarcas – enfim, um interessante subsídio à genealogia regional!

***

Sepultura de Francisco Alves Martins, em Taubaté/SP
Foto cedida por Pedro Morais Neto (Arquivo Familiar)

Os Pereira

Em meados de 1870, com o esgotamento das terras, o movimento abolicionista e a produção cada vez maior do Oeste paulista, acontece o início da decadência da cultura cafeeira de Pindamonhangaba, que se extinguiu no final da década de 1920, não tendo resistido aos golpes produzidos pela exaustão das terras, a libertação dos escravos e a crise econômica mundial. A partir daí Pindamonhangaba passa por mais um de seus graves períodos de estagnação econômica.

Com a chegada de algumas famílias vindas principalmente de Minas Gerais, a economia de Pindamonhangaba passou a se apoiar na constituição de uma importante bacia leiteira, em extensas culturas de arroz e na produção de hortigranjeiros. Foi uma época de pequeno crescimento econômico, que se estendeu até o final da década de 1950, quando o município entrou no ciclo pré-industrial, com o beneficiamento de produtos agropecuários, principalmente o arroz e o leite, movimentando a economia local[1].

Antes de Mané Canuto, foi um cunhado seu chamado José Alves Pereira o primeiro a migrar para o estado de São Paulo, instalando-se em Tremembé. Conforme informado pelo colaborador Pedro Morais Neto (advogado domiciliado em Pinda e tataraneto de José Pereira), Mané Canuto teria ido a Tremembé na década de 1920 para batizar um filho deste seu cunhado, quando decidiu também se mudar para o interior paulista.

Família Alves Pereira - início do século XX
Arquivo Familiar, de Hélio Tadeu Alves Pires (neto de Mané Canuto)


Mané Canuto já era envolvido com política em Rio Preto, juntamente com os parentes da esposa dele, tia Júlia, que só foram para Pinda depois que perderam a política no Rio Preto” - recorda José Felício Vieira Júnior (conhecido por ‘Zezinho’, aposentado, morador da Fazenda Morro Redondo, na zona rural de Valença), um dos netos mais velhos de Sebastião Felício Vieira (irmão de Manoel Canuto Vieira), que por alguns residiu em companhia do avô para estudar na Escola Normal de Rio Preto. 

Ele também confirma a hipótese de que o Mané Canuto não teria sido o pioneiro em Pinda: “O tio Manoel foi para Pinda por influência desses parentes da mulher dele, que já estavam por lá já há alguns anos”.

E com o passar dos anos, Mané Canuto se tornou um abastado fazendeiro, influente político e grande benfeitor em Pindamonhangaba. Ele era casado com Júlia Alves de Jesus, irmã de José Pereira.


Assinatura de Domicianno Martins Pereira - meados séc. XIX
Arquivo Familiar de Rodrigo Nunes da Silva 

Domiciano Pereira, o patriarca

Domiciano Martinz Pereira era um dos nove filhos de Francisco Pereira da Silva e Luciana Maria de Jesus, moradores do Rio do Peixe (atual Lima Duarte), então distrito de Barbacena.

Na segunda metade do século XIX, Domiciano Pereira se mudou para o vizinho município de Rio Preto. Adquiriu a Fazenda São Bento, nas proximidades do Araxá, hoje na zona rural de Santa Bárbara do Monte Verde, na época distrito de Rio Preto.

Conforme consta de interessante documento gentilmente fornecido pelo colaborador Rodrigo Nunes da Silva (militar, domiciliado em Barroso/MG, tetraneto de Domiciano), Domiciano Pereira se tornou uma figura de destaque no então arraial de Santa Bárbara do Monte Verde, onde aos 12 de julho de 1863 já fazia parte do restrito grupo que formava o Partido Liberal local, inclusive como eleitor.[2]  

Ele se casou com Anastácia Adriana de Jesus no dia trinta de janeiro de 1854. A mãe de Anastácia – Anna Thereza de São Pedro, era filha do casal João Alves Garcia e Anastácia Adriana de Jesus, residentes há muitos anos em Rio Preto (Fazenda Sant’Anna), ambos grandes benfeitores da imponente Matriz de Nosso Senhor dos Passos. O capitão João, inclusive, construiu às suas próprias expensas a capela da majestosa igreja que hoje é o cartão postal mais icônico da cidade.

Domiciano faleceu na Fazenda São Bento, em 1898, e está sepultado no cemitério do Araxá, lugarejo visitado recentemente por Rodrigo Nunes que, infelizmente, não logrou êxito em localizar o túmulo de seu tetravô.


Certidão de Óbito de Domicianno Matinz Pereira
Arquivo Familiar de Rodrigo Nunes da Silva


Dos filhos de Domiciano e Anastácia destacamos Francisco Alves Pereira (ou Martins), nascido em Rio Preto em 1853, casado com Maria do Carmo. Por sua vez, dos filhos deste casal apenas três permaneceram em Rio Preto: Augusto Alves Pereira (casou-se com Izaura de Oliveira), Maria Alves de Vieira (casou-se com Sebastião Felício Vieira) e Belmira Alves Machado (casou-se com Francisco José Machado).

Os demais filhos migraram para o interior paulista, com destaque para José Alves Pereira, capitão Avelino Alves Pereira e Júlia Alves Canuto, casada com o Manoel Canuto Vieira.


Jornal Correio Mercantil, 1863
Arquivo Familiar de Rodrigo Nunes da Silva

Os Machado

Guilhermina Maria do Espírito do Santo, outra filha do casal Domiciano e Anastácia, casou-se com Antônio Luiz Machado, que por sua vez era irmão de Francisco José Machado, casado com Belmira Alves de Jesus.


Belmira Alves Machado, a "Mãe Belmira"
Arquivo Familiar, de Rogério Lima Machado


Deste último casal, por sua vez, descende José Pereira Machado, conhecido em Rio Preto por ‘Juca da Belmira’, fazendeiro, político e personagem de destaque no município, onde hoje residem muitos de seus descendentes. "Ele ficou órfão com 15 anos, e com essa idade assumiu a Fazenda Barro Branco. Ele tirava leite, fazia queijo e mandava de trem para vender no Rio de Janeiro. Ele teve os 12 filhos no Barro Branco. Depois de muita luta é que ele comprou a Fazenda Bolívia, no Barreado, onde com a ajuda dos filhos conseguiu melhorar de vida. E foi na Bolívia que meu avô Juca conseguiu essa proeza, que até hoje a gente não consegue imaginar, um homem só, tirando leite e criando boi conseguisse que cada filho herdasse uma fazenda" - relata o que sempre ouviu dos familiares José Rogério Lima Machado (neto de Juca da Belmira, empresário, morador de Rio Preto).


Juca da Belmira e dona Altina
Arquivo Familiar, de Rogério Lima Machado

 

Antônio Luiz e Francisco José eram filhos de Manoel Luiz Machado (nascido em 1838, filho de João Luiz Machado). Criado na região de Rosário de Minas, ainda jovem veio para o município de Rio Preto, adquirindo a Fazenda Barro Branco (São Cristóvão). Era casado com Umbelina Maria do Carmo, que faleceu em 07/06/1920 na Fazenda Barro Branco.

Manoel Luiz era irmão de Joaquina Euquéria de Jesus, casada com Francisco José do Carmo Júnior. Um dos filhos desse casal se chamava José Luiz Machado, casado com Maria Joaquina da Fonseca, dos quais descendem Rita de Fonseca Rodrigues e Silvino Pereira Machado[3].


Fazenda Barro Branco - início do séc. XX
Arquivo Familiar, Rogério Lima Machado


Silvino Pereira Machado, o patriarca

Rita de Fonseca Rodrigues era casada com Camillo Rodrigues de Oliveira, e um de seus filhos chamado Francisco Rodrigues migrou ainda jovem para o Vale do Paraíba paulista. Um filho deste último – Salathiel Rodrigues da Fonseca, inclusive se casou com uma das filhas de Mané Canuto, chamada Izaura Canuto da Fonseca, e certa época cuidou das fazendas do sogro.

Mas foi Silvino Pereira Machado quem, aparentemente, foi o pioneiro da família no Vale do Paraíba paulista. “Relativamente moço ainda, mas já casado e com filhos, mudou-se para São Luis do Paraitinga, interior do Estado de São Paulo, cidade próxima do Vale do Paraíba, em cujo município comprou a Fazenda Rio Claro, excelente propriedade rural, tanto pela qualidade das terras como pela topografia e casa sede, imóvel ora pertencente a seu neto Geraldo Guido Machado. Com o passar do tempo, adquiriu outras propriedades e, ao falecer, deixou uma fazenda para cada filho. Era um homem muito trabalhador e que desfrutava de elevado conceito na região – onde reside hoje toda a sua descendência, aí incluídas as cidades de Taubaté e Pindamonhangaba[4].


Capitão Francisco Felício Vieira (falecido em fev./1913) ao centro, sentado.
 Também os filhos Rogério Felício, Sebastião Felício e Manoel Canuto.
Foto do início do séc. XX, cedida por Fabrício Le Draper Vieira (Arquivo Familiar). 

Os Felício Vieira

Rio Preto, Minas Gerais, 1892. O mês de setembro chegava ao fim, quando Alice Josephina de Souza entrou em trabalho de parto. A jovem mãe dava à luz novamente - seu quinto filho com Francisco Felício Vieira, abastado fazendeiro e negociante de Conceição do Monte Alegre, próspera povoação pertencente ao município de Rio Preto, na zona da mata mineira. Ele já tinha um filho do seu primeiro matrimônio – Rogério Felício Vieira, com Anna Augusta de Souza, irmã de Josephina, que falecera em 1884 com apenas 23 anos.   

Era a terceira menina do casal. Mas desta feita algo saiu errado, e a jovem genitora faleceu no parto, quando contava com 26 anos. Viúvo pela segunda vez, Francisco Felício Vieira, a fim de homenagear a finada esposa, colocou o nome da mesma na filha recém-nascida[5]!

Em relação aos dois meninos do casal, o primogênito se chamava Sebastião Felício Vieira, então com seis anos, e o outro era Manoel Canuto Vieira – o Mané Canuto, com apenas um ano de idade.


Igreja de Conceição do Monte Alegre (início do séc. XX)
Acervo do Museu Regional de Rio Preto


Miguel Felício, o patriarca

Eles descendiam de Miguel Felício Rodrigues da Costa, um abastado cafeicultor de Rio Preto da primeira metade do século XIX. Era proprietário da Fazenda Paraizo e possuía morada de casas na cidade de Rio Preto.

Miguel Felício se casou em primeira núpcias com Marcelina Roza de Jesus, com quem teve dois filhos: Marcolino Rodrigues da Costa e Maria Marcolina da Luz. Em meados de 1847 ela faleceu[6], e Miguel Felício se casou com sua cunhada, Rozalina Carolina de Jesus, com quem teve mais quatro filhos: Cândida, Miguel, Francisco (pai de Mané Canuto) e Antônia.

Aos 23 de dezembro de 1858 faleceu Miguel Felício. À época ele também era proprietário de metade da Fazenda da Conceição, uma antiga e extensa propriedade rural que deu origem ao povoado de Conceição do Monte Alegre, onde ele possuía “casa com rancho para negócio”[7].

Em 1860 a “viúva de Miguel Felício” ainda aparecia na relação dos maiores produtores de café do município de Rio Preto[8].

A forte ligação da família “Felício Vieira” com o Vale do Rio Preto se mantém até os dias atuais, onde muitos dos seus descendentes ainda habitam, especialmente nos municípios de Rio Preto/MG e Valença/RJ. Notadamente devido à figura de Sebastião Felício Vieira, personagem de destaque em Rio Preto, que ao lado do 'sobrinho' Juca da Belmira (filho da ‘mãe Belmira’, que era irmã da esposa do Sebastião Felício – ‘dona Zinha’, bem como da esposa de Mané Canuto – ‘Júlia’) eram os dois principais fazendeiros do período no município de Rio Preto, onde participaram ativamente da vida política e econômica da cidade.

De acordo com um bisneto que pesquisa a vida de seus antepassados com zelo, Sebastião Felício era muito trabalhador e tinha bom tino para os negócios. Ele teria deixado por herança uma fazenda para cada um de seus sete filhos na região compreendida entre Pentagna e Conservatória, no município de Valença. "Eram sete irmãos em propriedades que acabavam se encontrando. Eu sou bisneto dele e ainda hoje estou na posse de uma dessas fazendas. Conseguiu tudo isso com muito trabalho, criando boi. Tenho muito orgulho disso e, por esse motivo, fiz questão de colocar 'Felício' no meu sobrenome, como o meu bisavô e os ascendentes dele" - revela o colaborador Marcos Alexandre Pentagna Felício Vieira (bisneto de Sebastião Felício, Oficial de Justiça e pecuarista, domiciliado em Valença). "E no Rio Preto também deixou fazendas e casas para as suas filhas", completa Marcos Alexandre.


Lápide localizada dentro da igreja de Conceição do Monte Alegre
Arquivo familiar, de Marcos Alexandre P. Felício Vieira
   

E a marca mais emblemática desse elo se encontra dentro da antiga igreja do povoado de Conceição do Monte Alegre, hoje pertencente ao município de Santa Bárbara do Monte Verde/MG, onde Miguel Felício da Costa – neto do patriarca da família, foi sepultado. E na lápide de mármore branco aparece registrado: “Aqui jaz os restos mortaes de Miguel Felício da costa, benfeitor desta capela...” 


Vista panorâmica do povoado de Conceição do Monte Alegre (início séc. XX)
Acervo do Museu Regional de Rio Preto

        

Mané Canuto Vieira e a Colônia de Pinda

Manoel Canuto Vieira, natural de Rio Preto/MG, chegou a Pindamonhangaba em 1925, época que adquiriu a então Fazenda Amarela. “Parece-me que foi mais ou menos isso: o Manoel veio batizar um dos filhos do José. Ouviu dizer que tinha umas terras boas e baratas por aqui, gostou da região e então comprou a Fazenda Amarela, aqui em Pinda” – conta o advogado Pedro Morais Neto, recordando-se de uma conversa que tivera com o senhor Luiz Carlos, neto de Mané Canuto Vieira. Pedro faz questão de contar que ainda hoje, com muito prazer e alegria, sempre que lhe é possível visita Rio Preto em companhia de sua avó Maria Luíza (83 anos), ocasião em que se hospedam na Fazenda da Glória (Parapeúna), propriedade rural que ainda hoje pertence aos descendentes de Benedito Pereira (filho de Augusto Pereira, cunhado de Mané Canuto).

Família Canuto Vieira - século XX
Arquivo Familiar, de Hélio Tadeu Alves Pires (neto de Mané Canuto)


Segundo a justificativa do projeto de lei mencionado, Mané Canuto “com muito trabalho e dedicação prosperou, adquirindo outras propriedades e, com o tempo, trazendo de Minas Gerais os parentes, tornando-se assim, o patriarca da Colônia Mineira de Pindamonhangaba. Dentre os que foram trazidos podemos citar: Quincas Pereira, Neneca, Aristóteles da Fonseca (Toto), Capitão Avelino, os Pereiras, os Maias, os Andradas, os Almeidas, os Lopes, os Alonsos e os Canuto Vieira”.




E continua: “Suas primeiras núpcias foram contraídas com Maria Alves Vieira com quem teve 15 filhos; viúvo, casou-se pela segunda vez com Maria Benedita Moreira com quem teve 6 filhos.

Homem muito estimado e respeitado pela sua honestidade e simplicidade, elegeu-se como um dos vereadores mais votados na eleição de 1948. Honrou seu mandato e muito ajudou o município, que atravessava época difícil, com poucos recursos. A Prefeitura graças à ajuda de muitos fazendeiros por ele encabeçados contribuíram e muito para a compra de maquinário e doação de combustível para a abertura e manutenção das estradas do município...

O saudoso Monsenhor João José de Azevedo — Pe. João, dizia sobre ele: "gente boa e abençoada. Que seriam das obras da Igreja, das festas e dos leilões de gado se não fosse seu Mané Canuto e a Colônia Mineira".

Manoel Canuto Vieira
Arquivo Familiar, de Hélio Tadeu Alves Pires (neto de Mané Canuto) 


Nunca negava ajuda a quem o procurava, prova disso é que em certa ocasião 36 órfãos do educandário do Frei Reinaldo haviam sido despejados. Procurado por este, mandou imediatamente buscar aquelas pobres crianças e os frades que acolheu todos em sua Fazenda Amarela durante 6 meses, dando a eles todo o conforto e fartura. Preocupado com o destino daquelas crianças, fez doação de uma significante área de terra para a construção do hoje, colégio São Judas Tadeu. Homem de muita fé, contribuiu com doações para instituições de caridade, fez a doação do terreno para a Igreja dos Martins, para a Igreja do Ribeirão Grande, para a Escola do Mandú, e ainda doou pedras para a pavimentação da Rodovia Pindamonhangaba — Campos do Jordão em toda a sua extensão e parte da Rodovia Pindamonhangaba — Ribeirão Grande, muito contribuindo para o desenvolvimento da agropecuária da região.

Recebeu o título de cidadão Pindamonhangabense, justa homenagem a este benemérito e honrado cidadão. Pai carinhoso, hoje se orgulharia do tamanho de sua família, são ao todo: 90 netos, 130 bisnetos e 28 tetranetos”.

Por tudo isso a Câmara de Vereadores de Pindamonhangaba, no uso de suas atribuições legais, aprovou por unanimidade a seguinte Lei: “Art. 1° - Fica denominada de "MANOEL CANUTO VIEIRA" — "Mané Canuto", a Estrada que inicia-se na Rodovia Caio Gomes Figueiredo, passando em frente a Fazenda Amarela, até o final do trecho, no Bairro do Mandu”. Também um logradouro daquela cidade, sita no Residencial Ouro Verde, é denominado de ‘Rua Vereador Manoel Canuto Vieira’.





*Rodrigo Magalhães, pesquisador e historiador riopretano.


[1] http://www.triprural.org.br/pindamonhangaba-sp-lugar-onde-se-faz-anzois/

[2] JORNAL CORREIO MERCANTIL, julho de 1863. Arquivo Pessoal de Rodrigo Nunes da Silva.

[3] GENEALOGIA DE MACHADOS E FONSECAS – SÉCULOS XVIII E XIX, de Raymundo da Fonseca, 1994.

[4] Idem.

[5] ARQUIVO MORTO DA COMARCA DE RIO PRETO. Inventário de Alice Josephina de Souza. 2º Ofício, 26/10/1892. Arquivo pessoal de Rodrigo Magalhães.

[6] ARQUIVO MORTO DA COMARCA DE RIO PRETO. Inventário de Marcelina Roza de Jesus. 2º Ofício, 30/06/1847. Arquivo pessoal de Rodrigo Magalhães.

[7] ARQUIVO MORTO DA COMARCA DE RIO PRETO. Inventário do Alferes Miguel Felício Rodrigues da Costa. 2º Ofício, 12/02/1859. Arquivo pessoal de Rodrigo Magalhães.

[8] ALMANACK LAEMERT. Rio de Janeiro, 1860.



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