Blog Rio Preto Noutros Tempos - por Rodrigo Magalhães*
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Povoado de São Pedro do Taguá, década de 1920. Arquivo do Museu Regional de Rio Preto/MG. |
O povoado de São Pedro do Taguá se formou na década de 1920, mas a localidade já era conhecida por "Taguá" desde a segunda metade do século 19. Situado nas margens de uma antiga via de comunicação - a "Estrada Velha" e próximo ao rio Preto, o bucólico vilarejo é uma das comunidades rurais do município de Rio Preto mais visitadas, e a festa anual em homenagem ao padroeiro local é a mais tradicional e concorrida do gênero na região.
A seguir, um breve histórico de São Pedro do Taguá!
Taguá
Em
1839, o então Conde de Valença comprou “¼
de sesmaria em terras de cultura” de dona Maria Polucena (ou Porcinia), na
situação denominada "Madalena", que teria sido parte da sesmaria original chamada
de "Taguá", de José Alves Martins, de quem a vendedora era viúva.
Tudo indica que estas foram as primeiras terras compradas pelo futuro Marquês
de Valença em Parapeúna, distrito de Valença/RJ, que comporiam, futuramente, a
Fazenda São Luiz, e que se situavam justamente em frente ao atual povoado de
São Pedro do Taguá, do outro lado do rio, em território mineiro do município de
Rio Preto.
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| Nota Fiscal de um comércio em "Taguá", na década de 1870 (Acervo de Rodrigo Magalhães). |
O documento mais antigo que se refere a essa importante povoação do município de Rio Preto, já como se fosse uma localidade, data da década de 1870. Trata-se de uma nota fiscal de um ponto comercial que nessa época já existia no lugar conhecido por "Taguá", cujo proprietário se chamava Victorino de Souza Alves. Essa Casa de Secos e Molhados era bem estruturada, e oferecia aos clientes "Completo Sortimento de Fazendas, Ferragens, Armarinho, Molhados, Louças e Generos do Paiz". Interessante observar que nesta nota fiscal o cliente havia comprado vinho do porto, cerveja e até uma vaca de leite.
Esse grande ponto comercial sugere que Taguá era bastante movimentada na segunda metade do século 19, provavelmente pelo intenso trânsito de viajantes e tropeiros que percorriam o Caminho do Comércio. Da região de São João Del-Rey/MG seguiam em direção à Corte no Rio de Janeiro, e desde 1860, da cidade de Bom Jardim de Minas/MG, em vez de passar pelo Taboão e Funil percorriam a Estrada do Manoel Pereira, passando por Itaboca e pelo Boqueirão até chegar nas margens do rio Preto, por onde seguiam margeando esse curso d'água até a cidade de Rio Preto. O armazém do senhor Victorino provavelmente era um ponto de parada e descanso para esses viajantes e seus animais.
| Pessoa que se declara moradora de "Lavras do Taguá", em abril de 1894 (Acervo de Rodrigo Magalhães). |
Outro documento interessante que encontramos data de 03/04/1894, e aponta que o local já era conhecido por "Lavras do Taguá": "(...) Angélica Maria do Espírito Santo,
casada com Raymundo Caetano do Nascimento, são os pais de Victorio Caetano do
Nascimento e residem no lugar denominado Lavras do Taguá".
O termo “taguá” é originário do tupi - ta'wa, que significa argila amarela. E como nas proximidades do atual povoado foi o local onde mais se extraiu ouro no rio Preto, no início dos anos 1800, conclui-se que "lavras do taguá" fazia referência a um local onde existia muita argila amarela e se extraía ouro em grande quantidade.
Portanto, o termo Taguá é anterior ao padroeiro São Pedro, e os primeiros moradores da região foram atraídos pelo ouro, por isso denominaram de Lavras do Taguá a localidade que deu origem ao atual
povoado de São Pedro do Taguá!
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| Antiga igreja de São Pedro do Taguá, s.d. Acervo do Museu Regional de Rio Preto/MG. |
O povoado
No
início dos anos 1900 formou-se o patrimônio da Irmandade de São Pedro do Taguá
por meio de uma porção de terras compradas a dona Anna Saturnina Barbosa Mexas.
Aos 18 de setembro de 1919, a mesma Irmandade comprou de Antônio de Carvalho
Reis e sua mulher Emília de Freitas uma quarta de terras confrontando com
terras dos transmitentes, de José Carlos de Carvalho e com as referidas terras
do patrimônio de São Pedro do Taguá adquiridas anteriormente.
A
seguir, iniciou-se a edificação de uma singela capela nesse local, cujo
padroeiro escolhido foi São Pedro, no entorno da qual no decorrer dos anos foram construídas diversas moradias e, assim, organizou-se o povoado.
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| Igreja atual de São Pedro do Taguá, s.d. Acervo do Museu Regional de Rio Preto/MG. |
Aos dois de outubro de 1957 chega a Rio Preto o padre Altivo Pacheco Ribeiro, que concluiu ser necessário fazer outra igreja no povoado de São Pedro do Taguá, sendo que a antiga estava em péssimo estado. Sob a coordenação desse ativo pároco, no dia 29 de junho de 1960, ás 10 horas, houve a benção da atual capela, sendo oficialmente inaugurada a edificação “em estilo mais moderno, miniatura de uma catedral do Japão”, conforme está registrado nos livros paroquiais.
*Rodrigo Magalhães, pesquisador e historiador riopretano.
FONTES:
Arquivo
Morto da Comarca de Rio Preto/MG;
Arquivo
Morto da Comarca de Valença/RJ;
Livro
de Tombo da Paróquia de Nosso Senhor dos Passos de Rio Preto/MG.



